sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Quando eu gostei de ser sacaneada

O biquini alviverde que descrevi na postagem "Meus Primeiros Sutiãs" não existe mais, mas para reviver a sensação que eu tinha ao vesti-lo, tenho agora esse "presente" que ganhei quando o Brasileirão deste ano chegava ao fim:
Foi uma gozação maldosa que fizeram com meu querido time, mas eu AMEI, viu, gente?

Eu queria ser Roberta Close

EU QUERIA SER ROBERTA CLOSE
   A Roberta andou sumida da midia, mas anteontem encontrei essa foto deslumbrante, e é com ela que estou aprendendo a colar imagens neste blog.
   O título dessa postagem pode parecer banal, mas desconfio que, além de "meninas" como eu, muito cara macho ficou balançado quando a conheceu e imaginou, "É homem? Já pensou se fosse eu?"
   Eu, de minha parte, diminuí o tamanho da letra de meu texto para que essa linda foto não desapareça de minha vista à medida que vou descendo o cursor (obs.: depois tive que aumentar de novo pra não ficar ilegível).
   Estou ainda aprendendo a me vestir de menina, e já sonho em contratar um produtor de moda pra eu ficar produzidíssima igual a essa foto, e quem sabe no final de 2013 estarei postando a minha foto com um vestidinho branco lindo como esse, e essa pose sexy com minhas pernas, sandálias, luvas, meus cabelos ondulados esvoaçantes... mais linda até que no dia em que serei noiva (rs).
   Mas o que quero contar aqui é que a maneira como travei contato com a Roberta foi um pouco antes de toda aquela exposição na midia. Antes de ela virar estrela na Fatos & Fotos e depois na Playboy eu já tinha visto, pendurada numa banca, uma obscura revista chamada "Close". Foi no inicio dos anos 80. Na capa, uma garota como muitas outras, fotografada de costas apenas de calcinha, nua da cintura para cima e olhando para trás (para o fotógrafo) com um olhar de menina tímida e assustada. Era uma revista masculina como outras, mas a chamada da capa era assim: "Desisti de ser homem aos 14 anos".
   Essa frase martelou minha cabeça por muito, muito tempo. Para ser sincera, continua me martelando, e me instigando a me entender como mulher. Eu era travesti apenas entre quatro paredes, comecei a me vestir de menina na idade em que a Roberta já tinha "desistido de ser homem".
   Fiquei arrependida de não ter comprado aquela revista "Close" (por medo de que reparassem, e desconfiassem que eu era boneca enrustida). Anos depois, tomei coragem e comprei uma "Carnaval Gay", que era uma edição especial da extinta "Fatos & Fotos". Lá, fiquei piradinha com as dezenas de fotos de "bonecas" lindas, em biquinis sumaríssimos (lembro-me principalmente da Gal Mattarazzo, um morenaço que não sei que fim levou). E numa das últimas páginas, vejo a boneca que despontava para a fama, a angelical Roberta Close! Esse "sobrenome" não me deixou dúvidas de que era a mesma menininha de olhar tímido que até hoje me instiga a "desistir de ser homem". Meses depois, numa banca de revistas velhas, consegui a "Close" original! Abri as páginas do ensaio fotográfico. Seu nome era simplesmente... Roberta. As peças se encaixavam perfeitamente (aliás, "quase" perfeitamente, hihihi).
   Se nao me engano essa foi a edição número 1 da "Close"! Fui possuidora dessa raridade, mas acabei jogando ela fora depois, num daqueles momentos de culpa que muitas de vocês devem conhecer. Não me perdôo por ter sido burra a esse ponto. Me desculpe, Roberta minha querida, caso você venha a ler isto. Beijinhos, até mais.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Meus Primeiros Sutiãs

Atenção: esta é uma nova versão da crônica que tinha sido uma de minhas primeiras postagens (em maio de 2011), e agora estou retirando deste espaço.

 Meu primeiro sutiã foi um biquini que eu mesma confeccionei.
 Eu era um garoto de uns 14 ou 15 anos, morria de vontade de me vestir de menina, então montei o biquini recortando o pano de uma velha bandeira do Palmeiras.
 Ao vesti-lo, interliguei as duas peças usando cadarços de tênis que davam algumas voltas ao redor de meus ombros, costas e cintura, sendo arrematados por lacinhos e alcinhas. Graças a este último detalhe, fiquei bastante sensual.
 Essa foi a única vez em que demonstrei ter talento como estilista de moda. Ou seja, meus dotes femininos eram tanto de modelo como de costureira.
 Devo acrescentar que a bandeira era de um tom de verde muito bonito, feito de um tecido sedoso que se adaptou bem confortavelmente às minhas partes íntimas (que, na época, ainda não eram nem seios nem xoxota).
 Eu vestia esse biquini e ficava me admirando ao espelho nos fins-de-semana em que meus pais viajavam.
 Para completar a caracterização passava batom, e às vezes rouge, nos lábios e rosto. Nas orelhas, brincos que fabriquei usando minha coleção de chaveiros.
 Meu cabelo era comprido, e tentei ajeitá-lo de uma forma feminina. Infelizmente, como cabeleireira não fui tão talentosa quanto a costureira, só obtendo algum êxito quando aprendi a fazer um par de marias-chiquinhas.
 Uma vez, lembrei-me de um par de sandálias de salto alto que minha irmã costumava usar em seus tempos de patricinha. Procurei no armário, mas infelizmente não os achei, e até hoje não realizei o desejo de calçar saltos altos de mulher. O que achei no guarda-roupa dela, em compensação, foram alguns vestidos e saias, tanto de patricinha como de riponga. Usei todos eles.
 Antes de criar o biquini, eu já me vestia de mulher, mas dispunha apenas de sutiãs, meias-calças e combinaçôes que ia buscar no cesto de roupa suja, e não podia chamar de meus. Portanto, meu primeiro sutiã foi o biquini alviverde - para todos os efeitos, minha iniciação como travesti.
 E dou razão à propaganda da Valisère (que na época ainda não fora veiculada): o primeiro sutiã a gente nunca esquece.
 Na época de meu primeiro sutiã eu não tinha consciencia, como tenho hoje, de pertencer ao sexo feminino. Era obrigada a fazer tudo isso às escondidas, e fui uma garota infeliz, sem saber direito por que. Percebia que era infeliz sem perceber que era garota (achava que era bicha).
 Somente muitos anos depois (décadas, para ser mais exata) é que me entendi como menina. Tinha o costume de cumprimentar minhas amigas todo dia 8 de março (Dia Internacional da Mulher) até que num certo ano, nessa data, decidi que a homenageada seria eu.
 Nesse dia, fiz-me mulher. E adquiri meu segundo sutiã.
 (A campanha publicitaria da Valisère já existia)

 Fui às Lojas Americanas e, vencendo minha vergonha, examinei, um tanto apressada, a seção de lingerie. Sem falar com ninguém, escolhi um sutiã e uma calcinha, ambos de lycra preta, e levei direto para o(a) caixa, onde felizmente ninguém me perguntou nada ou fez qualquer comentário. Portanto, meu segundo sutiã tambem foi um biquini, o que fez a diferença: eu iria, pela primeira vez, vestir uma verdadeira calcinha de mulher.
 Em casa, ao vestir as peças, senti a diferenca entre uma verdadeira lingerie e as nada sexys peças de algodão que eu roubava do cesto de mamãe. O tecido de lycra preta me deixava tão sensual quanto os lacinhos e alcinhas que eu mesma confeccionara décadas antes. O sutiã conseguia a proeza de "realçar" um peitinho que, na verdade, inexistia por completo, alem de me presentear com mais algumas curvas! E até minha bundinha ficou sexy, com o tecido e o corte da calcinha proporcionando um contraste provocante!
 
 Peitinho, bundinha... completei a maquiagem, mais os brincos, e fiquei uma tremenda gata! Linda, graciosa, um amor de garota! Eu já era travesti (entre quatro paredes) desde a época do biquini alviverde, mas agora entendi o que é ser feminina!
 Naquele mesma noite (era um sábado) saí à rua usando a lingerie por baixo das roupas normais (masculinas). Até rebolei um pouco enquanto andava na rua, para melhor sentir a sensualidade das minhas "curvas" recém-adquiridas... ou seja, estava dando bola, mostrando como sou gostosinha... de certa forma rompi o limite das citadas quatro paredes.

 (Mas ninguém percebeu)

 Assim, vestida de mulher, assisti a uma sessão de cinema. Prestava atenção no filme, mas não deixava de lembrar que estava vestida de mulher, o que me deixava bem excitadinha. Terminado o filme, ocorreu uma cena engraçada: fui ao banheiro do cinema (dos homens) e, em frente ao mictório, abri a calça para urinar. Ao meu lado havia outro sujeito urinando, e me diverti bastante imaginando que, se ele desse uma olhadela para o lado, veria minha calcinha, percebendo que eu era uma boneca! Eu devia estar muito piradinha essa noite, pois não fiquei nem um pouco constrangida! 
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 Depois do segundo sutiã, nao tive mais nenhum. Os relatos que narrei foram, até agora, minhas tentativas mais bem sucedidas de me vestir de mulher. De lá para cá o máximo que faço, às vezes, é inverter camisetas velhas e vesti-las como se fossem saias ou vestidos - estes ultimos são sempre "pretinhos", mas não são nenhum fenomeno de sensualidade, embora às vezes consigam insinuar estar semi-encobrindo virtuais seios.
Obviamente, nao tive a adolescencia que se deseja para um menino. Em vez de passar de menino a homem, virei uma menina. A bandeira do Palmeiras que vira biquini é emblemática: equivale a substituir a bola de futebol pelas bonecas.
Nunca brinquei, nem nunca quis brincar, com bonecas... mas acabei me tornando uma!
 
"Ainda não desabrochei, mas já me assumi como flor."
 
Débora Lygia
crônica de dezembro de 2008
revisada em dezembro 2012
 

Hello

Meninas (e meninos),
estou mexendo no blog. Não sei se alguém vai notar, pois parece que quase ninguém acessa!
Mudei de novo meu perfil (Débora, viu, gente? Dé-bo-ra), eliminei algumas matérias que tinham sido postadas, e pretendo mexer em algumas outras.
E aprendi a inserir imagens (ainda sou meio burrinha com essas máquinas, hihihi).
Desculpem não ter desejado Feliz Natal, mas nenhum Papai Noel me deixou sentar em seu colo... Ficam então meus votos de feliz 2013. beijinhos, débora